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A vinda de Alemães para a América do Sul não é novidade, há muito tempo se tem conhecimento da fuga de para o Continente Americano, como as que aconteceram de Josef Mengele e Adolf Eichmann, mas também sempre esteve relacionada com diversas Teorias de Conspiração. Nessa última década houveram novas descobertas, alguns pontos de interrogação foram respondidos e outros ainda continuam sem respostas.

Nesse sentido alguns questionamentos são colocados, como: Hitler realmente morreu em um Bunker na Alemanha? Qual foi à responsabilidade de submarinos alemães no afundamento do Cruzador Bahia?

Antes de serem respondidas essas perguntas, existe a necessidade de analisar os momentos finais que levaram o fim da Segunda Guerra Mundial.

A Batalha de Stalingrado (17 de julho de 1942 – 2 de fevereiro de 1943) foi o grande marco para o revés da Alemanha de Hitler, sendo um dos mais decisivos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial que culminou numa ofensiva total promovida pela União Soviética levando a Alemanha a perder pontos estratégicos que travaram seu avanço em diversas frentes de batalha.

Pouco tempo depois, era a vez dos Estados Unidos, Inglaterra e França se uniram para planejar uma ação conjunta que culminou na maior operação anfíbia da história conhecida como Operação Overlord, que ocorreu em 6 de Julho de 1944 (Dia-D). À partir daí, a Alemanha então combatia em três frentes.

Essas ofensivas provocaram em 1945, além dos momentos finais da Segunda Guerra Mundial uma disputa entre os países integrantes do bloco Aliado para saber quem chegaria primeiro em Berlim e finalmente acabar com a guerra na Europa. Esse momento indicava uma grande superioridade militar dos Aliados em relação a Alemanha, que tinha, naquele presente momento, um contingente proporcionalmente menor para defender seu território.

Dentro da conjuntura existente em abril de 1945, mês da morte oficial de Adolf Hitler, as circunstâncias que estavam expostas para os alemães em Berlim eram de grande complexidade, os soviéticos estavam dentro da cidade e o pouco que sobrara das tropas alemães em Berlim praticamente lutavam com suas últimas forças compostas na grande maioria por velhos e crianças. O Führer encontrava-se isolado e com poucos homens para defendê-lo do avanço Aliado.

À beira da loucura e do desespero, Hitler exigia que seus comandados lutassem até o último homem, porém a poucos dias da chegada das tropas soviéticas até sua fortaleza subterrânea em Berlim, o Führer, através da versão oficial e aceita pela grande maioria dos Historiadores, decidiu pôr fim a sua vida cometendo suicídio no dia 30 de abril de 1945.

O cadáver de um dos muitos sósias de Adolf Hitler

O cadáver de um dos muitos sósias de Adolf Hitler

A prática de não desistir e lutar até o fim, era um ato comum ainda na primeira metade do Século XX, muitos soldados preferiam a morte às incertezas de uma rendição, como por exemplo os japoneses que cometiam o Haraquiri e diversos pilotos que ficaram conhecidos como kamikazes, por carregarem explosivos em seus aviões e jogá-los contra navios dos inimigos.

Após a guerra, os restos mortais de Hitler foram  mantidos e protegidos pela União Soviética e posteriormente com a Rússia, após a Guerra Fria, tendo seu acesso completamente vedado até recentemente quando houve a possibilidade de estudos sobre os materiais que estavam em posse dos russos.

Bandeira Soviética sobre o Reichstag

Bandeira Soviética sobre o Reichstag

A rendição da Alemã foi assinada pelo Almirante Karl Doenitz, autoridade máxima da Marinha Alemã designado por Hitler como chefe supremo da Alemanha na ocorrência de sua morte. A ordem de rendição também designava que todas as unidades da Kriegsmarine enviassem seu contingente para rendição nos portos mais próximos de suas atuais posições.

Ao todo existiam “12 submarinos ainda permaneciam em águas costeiras inglesas, um submarino operava em águas americanas, 16 submarinos a caminho de suas bases e 21 estavam saindo para uma caçada. O paradeiro de seis submarinos ainda era desconhecido e os submarinos operacionais restantes estavam nos portos: 84 na Noruega; um na França; seis no Extremo Oriente; seis na Alemanha e quatro na Dinamarca. Todos eles se renderam aos navios dos Aliados no mar e foram transferidos para os portos da Grã-Bretanha, EUA e Canadá, ou capturados em suas bases, com exceção de dois submarinos que escaparam para serem presos na Argentina”, o U-977 e U-530. O que provocou diversas teorias e lendas sobre o assunto.

U-977

U-977

A morte de Hitler é uma das maiores controvérsias da História, e nos últimos anos dois novos fatos aumentaram os rumores de que Hitler poderia não ter morrido na Alemanha.

Em 2009, um grupo de cientistas da Universidade de Connecticut analisou um crânio  descoberto em 1993 à partir de arquivos secretos da antiga União Soviética. que supostamente teria sido de Hitler. A conclusão dos estudos indicaram que a amostra analisada correspondia ao crânio de uma mulher, o que possibilitou uma nova interrogação, seria o crânio de Eva Braun? A professora de biologia molecular e celular da universidade americana Linda Strausbaugh, uma das pesquisadoras do crânio indicou ser: “muito duvidoso se o crânio em questão corresponde a Braun, … porque a amostra de DNA corresponde a um perfil parcial e não completo, devido ao mau estado dos restos.

Outro fato que contribuiu para o aumento das discussões em torno da morte de Hitler foi a abertura de diversos documentos secretos do FBI, reabertos em 2014, e de outros órgãos de inteligência do Mundo todo, que indicaram uma grande investigação feita por essas agências sobre a possibilidade de Hitler ter vivido na América do Sul.

Artefatos Nazistas encontrados na Argentina

Artefatos encontrados em 2018 na Argentina

Em 2018, houve uma constatação final sobre este questionamento, o Arquivo Estatal e os serviços secretos russos autorizaram uma equipe de investigadores franceses a consultarem e analisarem os ossos de Hitler. O resultado foi publicado na Revista European Journal of Internal Medicine, que concluiu a autenticação da identidade de Adolf Hitler. A análise dos cientistas asseguraram que a morfologia do fragmento é compatível com as radiografias cranianas que Hitler realizou em 1944. O coautor da investigação Philippe Charlier, vai além e explica que os dentes investigados são do líder  alemão.

O mistério envolvendo o Cruzador Bahia

O afundamento do Cruzador Bahia é outro ponto de interrogação relacionado com a suspeita da vinda de autoridades do alto comando alemão buscando refúgio na América do Sul. O Cruzador Bahia tinha zarpado de Recife para substituir o Contratorpedeiro Bauru na Estação 13 (800 km de Recife), sua última missão após o fim da Segunda Guerra Mundial. Os navios Brasileiros tinham como principal objetivo dar apoio aos militares dos EUA que retornavam das frentes de batalha fazendo a travessia aérea Dakar-Natal.

Cruzador Bahia

Cruzador Bahia

Na versão oficial e a mais aceita pelos pesquisadores sobre o acontecimento, afirma que o Cruzador Bahia foi atingido por um disparo acidental durante um treinamento com as metralhadoras antiaéreas da própria embarcação, provocando uma explosão após acertar a popa do navio, ocasionando um dos maiores desastres da Marinha Brasileira, dos mais de 370 tripulantes um pouco mais de três dezenas sobreviveram, entre eles o Primeiro Tenente Lúcio Torres Dias que narrou os fatos para muitos pesquisadores.

1º Tenente Lucio Torres Dias

Nos últimos anos alguns pesquisadores trouxeram novas versões sobre os fatos, como Paulo Afonso Paiva, autor do livro “O Porto Distante (2013)”, e Juan Salinas e Carlos di Nápoli, autores do “Livro Ultramar Sul (2010)”, que afirmam que o Cruzador Bahia foi afundado por um submarino alemão que tinha como objetivo chegar à costa Argentina transportando pessoas importantes do alto comando alemão. Esta tese foi apresentada por historiadores Argentinos e, por sua vez, baseada no livro de navegação do USS Omaha. Os que acreditam nesta versão, indicam que a chegada dos submarinos alemães U-530 e U-977 na Costa da Argentina alguns dias depois do afundamento do Cruzador Bahia e do grande número de alemães que chegaram na Argentina durante esse período, são indícios que corroboram com esse pensamento.

U530

U-530

Uma resposta definitiva para este acontecimento só existiria se houvesse uma investigação no navio, algo impossível até hoje, devido a impossibilidade de resgatá-lo do fundo do mar. Entretanto as investigações oficiais feitas pelas Forças Armadas do Brasil e dos EUA, e a palavra dos sobreviventes, fazem da versão de um incidente ser a mais aceita entre os especialistas do assunto.

Considerações Finais 

Contudo ainda existe a necessidade de algumas explicações sobre algumas questões abordadas, como, os arquivos do FBI abertos em 2014, não existe nenhum motivo para discutir a veracidade da documentação, mas alguns aspectos tem que ser considerados como:

  • 1 – Durante a Guerra Fria, os EUA buscavam de todas as formas desviar (desinformar) toda e qualquer informação produzida pelos Soviéticos , o que resultou na criação de uma grande e complexa investigação sobre o paradeiro de Hitler.
  • 2 – Houve uma chegada em massa de Alemães na Argentina durante e depois da Segunda Guerra Mundial (algo em torno de milhares de alemães e mais de 100 criminosos de Guerra¹), nesse aspecto diversas construções, redes financeiras e artefatos foram trazidos para a região, aumentando as especulações sobre a chegada de alemães que apoiavam o Terceiro Reich no local, como na série Caçando Hitler, do Canal de Televisão History Channel.
  • 3 – A Argentina, durante o período da Segunda Guerra Mundial, se manteve neutra sobre o conflito e após a Guerra. Na época o Presidente Perón enfrentava uma Crise Interna contrária a seu poder, que desejava ligar Perón ao Nazismo possibilitando no imaginário popular a possibilidade de Hitler ter vivido na Argentina e do surgimento de um Quarto Reich.
  • 4 – Somente em 2018, a Rússia permitiu que um órgão internacional pudesse analisar os restos mortais de Hitler.
¹A fuga de criminosos de Guerra durante o fim da Segunda Guerra Mundial, eram algo bem comum, havia diversas rotas, as chamadas “ratlines” ou “caminhos de rato”, que tinham como objetivo retirar essas pessoas do seu local de origem e transportar por vias de fuga através de um grande número de países da Europa até seu destino final, o continente Americano foi uma dos principais destinos de criminosos de Guerra, especialmente na Argentina, no entanto eles se espalharam por todo o mundo.

Essas Ratlines normalmente eram constituídas com o apoio de instituições como Igreja, membros de Governos, que usavam a máquina pública para moverem as engrenagens deste sistema de fuga, grandes Empresários, e etc., com o intuito manterem estas pessoas longe da atenção púlica ou das mídias e assim os isentando da possibilidade de serem julgados ou mantidos em cárcere.

Com a análise de 2018 e o seu resultado, existe a tendência de uma diminuição sobre as teorias da conspiração

Quanto ao Cruzador Bahia, as especulações sobre os motivos que levaram seu afundamento são ainda maiores que o assunto anterior devido aos registros de navegação do USS Omaha, a comprovação da chegada de submarinos alemães na Argentina dias após seu afundamento e a impossibilidade de uma análise no Barco atualmente, que se encontra no fundo do mar.

Não existem motivos para questionar a veracidade do conteúdo do livro de registros de navegação USS Omaha, mas há de se levar em conta que o navio americano não estava no local quando o cruzador brasileiro foi afundado, as informações obtidas vieram de terceiros enquanto a versão oficial que é a mais aceita pelos pesquisadores foi construída a partir de investigações feitas pelos órgãos governamentais do Brasil e EUA e de informações de sobreviventes do navio.

A História é uma ciência, e como todas as outras tem um rigor científico, nesse sentido, existe sempre a necessidade de documentação que comprove os fatos. Na História mais atual, existe uma dificuldade que é a proibição da abertura de alguns documentos, em decorrência deste fato surgem então as chamadas Teorias da Conspiração.

Prof. Pedro Drummond

Autor Prof. Pedro Drummond

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