Skip to main content

A disputa sobre as Ilhas Malvinas, não foi um conflito que se iniciou em 1982, quando houve a Guerra, e muito menos em 1833, quando a Inglaterra tomou posse definitivamente das Ilhas. O processo histórico do arquipélago no qual as Ilhas Malvinas fazem parte teve inicio em 1502, quando as Ilhas podem ter sido encontradas por Américo Vespúcio, que navegava pelos mares do sul a serviço do Rei de Portugal.

Outro navegador que pode ter descoberto os arquipélagos existentes na região das Malvinas foi Fernando Magalhães que ofereceu seus serviços a Carlos V de Castela, que desejava aumentar seus domínios. Nos primeiros anos do século XVI, Magalhães saiu com uma frota de cinco navios em direção ao Ocidente para explorar os mares do sul.

Stanley, Ilhas Malvinas

Outros países, no entanto acreditam terem sido eles os descobridores do arquipélago no Atlântico sul. Os ingleses creem que a descoberta foi feita por John Davis e a exploração por Richard Hawkins no final do século XVI, que batizou essas terras como Maidenland.

Os holandeses, entretanto, destacam que a descoberta das Ilhas aconteceu no início do século XVII, pelo holandês Sebald de Weert, e essas terras passaram a ser chamadas de Sebaldinas.

No ano de 1690, o Capitão inglês John Strong, chegou a um canal que separa as duas grandes ilhas do arquipélago, e a chamou de Falkland Sound, nome esse que se estendeu a todo o arquipélago com mais de 200 ilhas. Como é ilustrado no mapa abaixo.

O arquipélago das Malvinas está situado abaixo do paralelo de 50ºS, e está a cerca de 400 milhas marítimas do território argentino, a 8000 milhas marítimas da Grã-Bretanha, a 780 milhas marítimas a leste das Ilhas da Geórgia do Sul e a 400 milhas marítimas a sudeste das Ilhas Sandwich.

O arquipélago tem uma área total de 8.700 km². O Estrecho de San Carlos separa a Ilha Gran Malvina, onde está localizada a capital, Puerto Argentina, e a Ilha Soledad.

Mas, até esse período, as descobertas que aconteciam, não estavam acompanhadas pela colonização das Ilhas, com isso, esses dois séculos que passaram, foram de chegadas de diversas nações em diferentes partes do arquipélago.

Essa característica começou a ser mudada em 1698, quando a Companhia de Pesca do Mar do Sul, que tinha como sede Saint-Malo na França enviou em diversos momentos embarcações. A partir deste momento, as Ilhas receberam o nome de Malouines, nome que deu origem às Malvinas.

Na metade do século XVIII, e em pleno processo da Revolução Industrial, o Comodoro Anson, estava a procura de bases de apoio para o expansionismo britânico, e para isso fez uma viagem ao redor do mundo, que permitiu quando retornou à Inglaterra, acreditar ter encontrado a posição definitiva das Ilhas.

Com esse propósito a Marinha britânica se preparou para uma exploração dos locais. Essa expedição tinha dois fins: o descobrimento completo das Ilhas Malvinas e a exploração do Mar do Sul, mas o Rei condenou e abandonou esse projeto, pois receava comprometer os direitos da soberania da Espanha.

O temor britânico fez com que o governo da Grã-Bretanha instruísse o Embaixador britânico em Madri, a submeter o projeto de Anson ao governo espanhol, antes dele ser posto em prática. A reprovação da Espanha quanto ao projeto, fez a Inglaterra abandonar a expedição e reconhecer o direito das terras aos espanhóis.

A Grã-Bretanha oficialmente tinha aceitado a soberania espanhola sobre a região, porém, alguns integrantes da expedição, como o oficial Byron, mantiveram a viagem e com o propósito de explorar as Malvinas como Anson tinha aconselhado, Byron e seus tripulantes fizeram uma viagem como se o destino fosse as Índias Orientais.

Byron chegou a Ilha Trinidad e tomou posse do local, o porto que ancorou chamou de Porto Egmont, fixando logo em seguida, o pavilhão nas novas terras e instalando uma unidade militar, passando a controlar esta ilha e as vizinhas em nome do Rei inglês Jorge III.

Em todo o século XVIII, ingleses e franceses, chegaram e tomaram posse de diversas partes do Arquipélago, no entanto, o governo espanhol conhecedor de povoados de outras nações no arquipélago, reivindicou a posse das Ilhas como uma continuação do continente americano.

Os franceses abandonaram a região mediante um pagamento de indenização pelo estabelecimento de povoados e os gastos com ela, e devido à existência do Pacto da Família, assinado pela Espanha e França em 1761, no qual os dois países, governados pela Casa de Bourbon, uniam forças para se defenderem da superioridade marítima da Inglaterra.

A saída da Inglaterra foi mais complicada, devido os britânicos acreditarem que as ilhas pertenciam a Sua Majestade Rei da Inglaterra, Jorge III. O governador das ilhas tomou conhecimento dos desejos britânicos e para expulsá-los, teve a ajuda do governador de Buenos Aires que enviou três navios para a região onde estavam localizados os britânicos.

Esta expedição tinha a incumbência de saber onde os britânicos estavam instalados e fazer com que se retirassem, pois para os espanhóis, eles estavam em ilhas localizadas na zona territorial das colônias espanholas demarcadas pelo Tratado de Tordesilhas. Os britânicos deveriam se retirar, senão seriam tratados como invasores.

A expedição espanhola encontrou três fragatas britânicas e o responsável pelos navios espanhóis contestou a presença dos britânicos no local e obtiveram as mesmas respostas que tinham sido dadas anteriormente.

Com ordens do governo espanhol, partiu uma esquadra de Montevidéu para fazer com que os britânicos saíssem das Ilhas. Com a chegada da esquadra, foi enviado um aviso para evacuarem a região ou iniciarem operações de guerra. Como os britânicos não responderam ao aviso desembarcaram tropas e se abriu fogo contra eles.

Os britânicos não tinham meios para enfrentar as tropas enviadas pelos espanhóis, e por isso, se renderam, sendo que poucos dias depois, foi assinado à rendição total. A tomada das Ilhas repercutiram em Londres, e a opinião pública e o Parlamento não aceitavam a perda das Ilhas. A Corte de Londres exigia uma reparação pelo que foi feito, iniciando assim, um processo de negociações, no qual, a guerra parecia iminente.

Como a Europa não desejava mais uma Guerra e a Inglaterra que estava mais preocupada com os acontecimentos nas Treze Colônias, no qual, após alguns anos foi iniciado a Guerra de Independência das Treze Colônias, foi encontrada uma solução amistosa, onde os espanhóis conseguiram o que desejavam, que era o reconhecimento dos britânicos das Ilhas e a saída dos britânicos que viviam na região até o ano de 1774.

O governo espanhol seguiu administrando o arquipélago até 1810 quando começou o processo de independência da Argentina. Após a Independência da Argentina até 1833, a administração do Arquipélago ficou sob os cuidados dos argentinos.

Os britânicos respeitavam os direitos da Espanha sobre as Ilhas Malvinas, até a Batalha de Trafalgar, onde os britânicos derrotaram a França e Espanha. Após esse conflito, os britânicos, invadiram a Argentina, em duas oportunidades, no início do século XIX, como uma forma de reação contra os espanhóis que apoiaram Napoleão Bonaparte, mas em nenhuma das ocasiões os britânicos tiveram sucesso e acabaram derrotados.

Porém, após as batalhas contra a França de Napoleão Bonaparte, o governo britânico protestou contra a soberania da Argentina sobre as Ilhas Malvinas e decretou que as Ilhas pertenciam à Grã-Bretanha. O Governo da Argentina recebeu o protesto, mas em nenhum momento contestou Parish.

Em 1833, sob o comando do Capitão J. J. Onslow, os britânicos enviam uma corveta para exercer os antigos desejos de tomar posse das Ilhas Malvinas em nome da Sua Majestade Britânica. Onslow chegou inicialmente no Port Egmont, onde retomou o forte abandonado pelos ingleses algumas décadas antes, e partiu para as Ilhas Malvinas Orientais, para tomar posse do arquipélago e para isso, iria esperar 24 horas para que os argentinos retirassem a bandeira Argentina e abandonassem a ilha.

Os argentinos não aceitaram as determinações britânicas, e enxergavam nesse ato uma violação dos direitos argentinos. Como os britânicos não tiveram uma resposta positiva desembarcaram suas forças militares, e ocuparam a Ilha, içando a partir deste momento, a bandeira Britânica.

A Argentina, porém, nunca deixou de reclamar a posse do território, mas, com o passar do tempo, a população das Ilhas conquistaram costumes e comportamentos britânicos, e a questão sobre o direito do território, chegou a ONU, numa tentativa de resolver a questão, quem tem direito sobre as Ilhas?

Para conhecer melhor sobre o tema da Guerra das Malvinas, você pode navegar por estes link ou pelas categorias do site.

Prof. Pedro Drummond

Autor Prof. Pedro Drummond

Mais Posts de Prof. Pedro Drummond

Junte-se à discussão deixando seu comentário 2 Comentários

  • EldonHoava disse:

    A guerra piorou ainda mais a situacao economica argentina, e significou um severo golpe para o moral do pais, do que tardaria muito a recuperar-se. Leopoldo Galtieri caiu e teve que renunciar a presidencia tres dias apos a derrota, sendo substituido por Alfredo Oscar Saint-Jean, que por sua vez foi suplantado duas semanas depois por Reynaldo Bignone. Porem, a Junta Militar estava ferida de morte. Um ano e meio depois, o ultimo militar entregava o poder a Raul Ricardo Alfonsin, primeiro presidente eleito democraticamente desde o golpe de Estado de 1976. A democratizacao da Argentina foi, talvez, a unica consequencia politica positiva da Guerra das Malvinas.

  • Celio Roberto Peres disse:

    Analisando todo o contexto histórico, é fácil concordar que as ilhas deveriam ser argentinas. Mas hoje, o que temos lá é um processo de ocupação/colonização estabelecido há quase 2 séculos. As pessoas que moram lá são britânicas, falam inglês, ganham em libras – e sem a menor vontade de mudar sua moeda para o instável peso argentino – e possuem os mesmos direitos de um cidadão que vive em Londres, podendo viver, estudar ou trabalhar no Reino Unido, incluindo usar o passaporte britânico, o que abre as portas em praticamente todo o mundo. A Argentina deveria ser a “dona” das ilhas a partir do momento que emancipou-se da Espanha, mas as perdeu na base da “lei do mais forte” e recuperar sua soberania hoje é tão impensável quanto a Bolívia exigir que o Brasil lhe devolva o Acre, ou o México exigir que os EUA lhe devolvam os Estados que lhe foram tomados. Até mesmo porque isso violaria os princípios da autodeterminação dos povos e do “uti possidetis”. Talvez a única saída seria a divisão das ilhas entre os 2 países: a metade oriental (povoada) permanecer britânica e a metade ocidental passar ao domínio argentino.

Comentar

WC Captcha 65 − 58 =